Uma história inacabada de um suicídio na metade. MOREIRA, Isa Lorena vergasta. Ficção, Literatura.

Parte 2

Certo, deixa eu explicar, porque você que vai ler isso aqui, não deve estar entendendo nada...
Tenho 29 anos e não quero fazer trinta. Cansei de não ter ninguém perto de mim, de me sentir tão sozinha e sem propósito nessa vida... Não tenho parentes, meus avós morreram jovens e a grana que minha mãe me deixou acabou faz tempo. Não gosto de trabalhar, já arranjei uns trampos e tal, mas sempre tenho um problema grande e sou demitida. Sei lá, não sei fazer quase nada nessa vida, só gosto assim, mais ou menos é de escrever. Eu escrevia muitas cartas para ninguém. Ninguém mesmo. Escrevia para um amigo imaginário, que só existe mesmo na minha vontade. Não tenho como arranjar dinheiro e não quero me prostituir.
Já trepei por grana sim, mas duas vezes só. Uma vez, trepei com o cara porque tava afim e ele quando foi embora deixou dinheiro pra mim sem eu pedir. Eu dei risada, achei graça, pensei que as coisas seriam fáceis assim... Mas de outra vez fiz o mesmo e no final, quando dei o preço, o filho da puta me socou tanto, que fui parar no posto com uma costela quebrada e toda arrombada, porque ele enfiou por trás com muita força, enquanto me batia, me xingava e eu ainda sentia tesão naquela merda toda. Deixei de tentar entender meus desejos já faz tempo... Mas depois disso aí eu não trepei mais por dinheiro.
Já saí com gente bacana por afinidade, já tive alguns amigos até. Mas depois fui ficando sozinha, cada um seguindo sua vida e eu fiquei subjetiva, presa em mim mesma. Cheguei a pensar que meu problema era com homem e não com a vida, aí trepei com uma menina e achei aquilo a coisa mais gostosa do mundo, até ela enfiar uma banana na minha buceta e eu entender que precisava de pica também pra sobreviver... Então comecei a comer quem aparecesse.
Uma vez eu meio que me apaixonei por uma menina. Ela era linda e me sugava, parecia que queria me encaixar nela, uma coisa louca assim. E nós trepávamos o tempo inteiro, ela tinha dinheiro, tinha uma família grande, morava numa casa bacana... Fui dormir algumas vezes lá, conhecia todos, menos seu pai, que vivia viajando a trabalho. Ninguém sabia que ela era lésbica. Eu dormia no quarto de hóspedes, era ao lado do seu. Ficávamos até tarde assistindo filme no seu quarto, cobertas, enquanto nos masturbávamos. A porta ficava sempre aberta e vez ou outra alguém passava em frente. Ela não achava estranho, mas eu sempre acreditei que todos desconfiavam de seus desvios sexuais. Além do mais, que mãe não desconfiaria de uma filha que, aos 17, não falasse de meninos?
Uma vez estávamos lá, assistindo um filme qualquer e ela, ensandecida, queria mais do que me enfiar os dedos. Queria me chupar. Enfiou-se nas cobertas e estava lá, com a cara enfiada na minha xoxota, quando passa a empregada, que parou em frente a porta e ficou nos olhando, estarrecida. A coberta desenhava seu corpo preso ao meu e eu, de pernas abertas, gozava feito louca, tapando os gritos com a mão e a cabeça para trás. Havíamos esquecido o mundo. O resultado foi uma série de chantagens posteriores, inclusive a que eu mais gostava: a de que tínhamos que deixa-la nos ver fudendo sempre que desejava, enquanto se masturbava freneticamente em nossa frente.
Eu já estava enlouquecida de tesão por tudo aquilo e um dia não resisti e fui na casa sem avisar. Entrei pela cozinha e dei com a empregada sozinha. Agarrei-a por trás, enfiando minhas mãos em suas coxas. Ela estava me esperando, eu sabia. Ninguém se contenta em só olhar por muito tempo... Então a Ana descobriu, depois de muitas fodas com a outra, que eu freqüentava sua casa quando ela não estava. Louca, atacou a empregada com uma faca e me ameaçou também.
Nenhuma foda vale uma vida, foi o que decidi naquele instante.

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