Uma história inacabada de um suicídio na metade. MOREIRA, Isa Lorena vergasta. Ficção, Literatura.

Parte 1

Precisei descobrir sozinha o meu senso de moralidade. Perdi minha mãe aos treze anos, vítima de cirrose, alcoólatra; meu pai, nunca vi. Minha mãe dizia que por medo de que nos matasse, ele fugiu depois que nasci. Era doente, possessivo, um lunático, nunca soube bem.
Fui gerada de uma única foda, na garagem da visinha, com quem meu pai era casado. Minha mãe tinha 16 e ele, 34 anos. Minha mãe dizia que morria de tesão por ele, que vivia rebolando em sua frente e ele fingia que não via; aí um dia não resistiu e comeu ela em casa mesmo, no gramado do quintal, enquanto a mulher cantarolava na cozinha. Urrava feito bicho e tampava sua boca, machucando ela todinha. Mas ela contava que gostou tanto, tanto, que nunca mais trepou igual. Mas depois daquele dia, ele não queria mais. E ela fazia um monte de loucuras pra chamar sua atenção. Até ficar amiga da mulher dele ela ficou. Aí descobriu que estava grávida e mentiu pro pai que tinha sido estuprada e ficou com medo de dizer a verdade, traumatizada. Minha mãe era uma vadia. Mas das boas. Só dava pra quem queria.
Eu também. Dei sempre pra quem eu quis, mas tinha que parecer limpo, se não eu não chupava e eu sempre gostei de chupar tudo, até fazer gozar. Porra... Eu não queria falar muita putaria aqui, era pra parecer até romântico, afinal, é minha carta de despedida...

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